sábado, 11 de junho de 2016

4 dias para reviver espaços históricos do Cinema

Uma igreja, um salão nobre, um armazém de revenda e um convento são alguns dos lugares que a iniciativa Salão Piolho irá devolver aos lisboetas entre os dias 15 e 18 de junho.
Aniki Bobo, de Manuel de Oliveira, Serenata à Chuva, com Gene Kelly e O Circo, de Charlie Chaplin, são três dos clássicos que o Salão Piolho, iniciativa da Fundação Inatel, irá apresentar entre os dias 15 e 18 de junho, em locais históricos do cinema em Lisboa.
Esta será "uma homenagem a salas transformadas em cinema, conventos que recebem a 7.ª arte e a edifícios construídos de raiz e também a comemoração dos 120 anos da primeira exibição cinematográfica em Portugal", refere um comunicado da oranização.
O evento, que será apresentado oficialmente na quarta-feira, 15 de junho, no Cinema São Jorge, começa com a projeção de Aniki Bobo, filme de 1942 de Manoel de Oliveira, às 21.30, no atual Museu da Marioneta.
A história explica esta opção. Era aqui que em junho de 1924 se instalava o Cine Esperança, ocupando parte do antigo Convento das Bernardas. "Num bairro bastante populoso onde a comunidade, não se mostrava particularmente interessada na "fotografia animada", o empresário Santos Malafaia resolveu ainda assim arriscar a abertura do negócio que acabou por fechar em 1950. Hoje em dia no mesmo espaço está instalado o auditório do Museu da Marioneta", explica a nota.
Na quinta-feira, no atual Consulado Geral do Brasil, será apresentado a comédia brasileira 13 Cadeiras, às 19.00. Esta adaptação brasileira do romance de 1927 dos russos Ilya Ilf e Yevgeny Petrov, sobre um barbeiro que após a morte da sua tia vai herdar umas meras treze cadeiras, um filme inédito em Portugal, é projetado no local onde a 29 de outubro de 1908, abriu pela mão do empresário Sabino Correia Júnior, o Chiado Terrasse que se tornou, na sua longa existência de 62 anos, num espaço de sucesso tanto devido à sua dimensão e elegância, como à variedade da programação que exibia. Com várias mudanças de proprietário ao longo dos seus anos de existência, acaba por ser vendido nos anos 70 ao Banco Fonsecas & Burnay.
No mesmo dia 16, mas às 21.30 a atual Igreja de São São Evangelista serve de sala de cinema para A paixão de Joana D'Arc (1928), de Carl Dreyner. O local, que pode hoje em dia parecer estranho para projeções cinematográficas, foi onde, a 14 de setembro de 1929 foi instalado o Max Cine. "Projetada pelos engenheiros Jacinto Bettencourt e Deolindo Vieira, era uma sala sóbria mas acolhedora com capacidade para 700 pessoas. Era essencialmente um cinema de reprise que a 1 de maio de 1968 é adquirida pela Paróquia de São Evangelista passando assim a servir a população de uma forma distinta", contextualiza o comunicado da Fundação Inatel.
Para sexta-feira, dia 17, às 19.00 está marcada uma sessão surpresa com ponto de encontro no Largo da Graça a partir das 18.00. Fica a promessa: "No afamado Bairro da Graça nasceram diversos cinemas das décadas de 10, 20 e 30. Alguns mais famosos e bem sucedidos que outros, vamos (re)conhecer um desses lugares e assistir a uma obra cinematográfica no mínimo... curiosa!".
Nesse dia, às 22.00, sessão ao ar livre de Serenata à Chuva, com entrada gratuita no Salão Lisboa. Era neste armazém de revenda, aqui instalado desde a década de 1970, que inicialmente foi criado "o mais genuíno Cinema Piolho da cidade" que iniciou a sua atividade em 1916 pela mão de alguns dos pioneiros do cinema em Portugal. "Com cerca de 510 lugares este espaço era popular junto do público mais jovem devido à sua programação que incluía principalmente filmes de ação".
A programação do último dia, sábado, dia 18 de junho, começa às 15.00 com a visita guiada "Animatógrafos há muitos" (inscrição obrigatória, com bilhetes a um euro).
Às 19.00, na atual Ordem dos Advogados, o antigo Rocio Palace volta à vida por 91 minutos para receber a projeção de Confesso(1953), de Alfred Hitchcock.

"Instalado no Palácio da Regaleira, o Rocio Palace abriu a 28 de junho 1910 no 2.º andar mas teve uma duração breve fechando portas 4 anos depois. Mais do que cinema, recebeu também atividades na área do teatro e do espetáculo de variedades. Atualmente nele está instalada a Ordem dos Advogados, mais concretamente o magnífico Salão Nobre desta entidade".
Esta homenagem ao cinema prossegue às 21.30, na Garagem Liz, antigo real Colyseu de Lisboa, com a vídeo projeção contínua de "O Cinema em Portugal faz 120 anos!". "O Real Colyseu de Lisboa - espaço de lazer da cidade localizado na Rua da Palma - marca a história do cinema em Portugal onde a 18 de junho de 1896 se deu a primeira projeção de cinema pela mão do empresário António Manuel dos Santos Júnior que, ao assistir a uma sessão de animatógrafo em Madrid, resolveu trazer a novidade para Lisboa contratando Edwin Rousby. Lisboa foi assim a oitava grande cidade europeia a alcançar tal privilégio. Do espaço do Real Colyseu de Lisboa nada resta. No seu lugar encontra-se, para além de outros edifícios, a Garagem Liz, inaugurada em 1933".
É no Largo do Intendente que termina o Salão Piolho, com o filme-concerto O Circo, de Charlie Chaplin, com o pianista Filipe Raposo. Esta é mais uma sessão gratuita ao ar livre.
Para as sessões que não são de entrada livre os bilhetes já estão à venda e os bilhetes custam três euros.
E para facilitar o encontro com as antigas salas de cinema piolho, que tinham sessões contínuas, deixamos as moradas de todos os espaços:
Convento das Bernardas / Museu da Marioneta - Rua da Esperança, 146
Consulado Geral do Brasil - Rua António Maria Cardoso, 39
Largo da Graça - Placa central - terminal do elétrico 28
Igreja de S. João Evangelista - Rua Barão de Sabrosa, 21
Ordem dos Advogados - Largo São Domingos, 14 - 1º
Conheço muito bem...muito bem


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